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Corrupção, é possível vencê-la?

*Laércio Lopes de Araujo

Perguntou-me o filho: Pai, como é possível acabar com a corrupção?

Nós, pais que vivemos a ditadura, depois uma democracia débil, vimos o fortalecimento das instituições para logo vê-las soçobrar sob os escombros da corrupção, a resposta não é simples e muito menos fácil.

Comecei por desapontá-lo. Não se acaba com a corrupção. Se uma empresa deixar a compra de um insumo na mão de um único diretor, a qualidade deste cairá e o preço subirá, comprometendo o produto final. Por quê? Porque sempre que atribuímos a uma única pessoa o poder de escolher, ela escolherá o que é melhor para ela.

Esta constatação inicial serve para afastar o estigma de que a corrupção é um fenômeno do serviço público, do exercício do poder do Estado. Não é, ela é retrato da sociedade brasileira!

Vencer a corrupção exige um Estado menor que seja incapaz de meter o nariz em todas as escolhas privadas, que se preocupe menos com os costumes, atue como o mediador, divorciado da religião, e tenha força suficiente para fazer cumprir suas normas.

O Estado brasileiro é um intruso desnecessário nas escolhas privadas, é um gigante incapaz de fazer cumprir as normas que edita.

A presidente Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobrás por oito anos, período em que a estatal foi roubada, seu objeto social desvirtuado e seu patrimônio dilapidado. Agiu de forma inquestionavelmente culposa e violou a lei não cumprindo com o dever que lhe cabia.

Alegar desconhecimento do acontecido é apenas a comprovação do descaso, da omissão e da cumplicidade com a corrupção que atingiu a estatal.

Num Estado minimamente forte e capaz, a lei seria aplicada e todos os administradores estariam hoje respondendo com seus patrimônios pelos danos causados. Nosso Estado, gigante e incapaz, prende empresários e doleiros e não consegue alcançar aqueles que a lei indica como responsáveis pelo dano.

Estado fraco produz normas todos os dias para criar dificuldades e vender facilidades. Tal mecanismo é um estímulo à corrupção.

A sociedade é a responsável pelos eleitos e pelo modelo megalômano e corrupto de Estado que temos, que começa com a lei de Gerson e acaba com desmandos.

Nossa sociedade exige punição, cada vez mais severa, mecanismo perverso e reprodutor da corrupção, porque não se preocupa em alijar corruptos, mas inveja seus sucessos. Estado fraco, mais leis duras (excelentes leis), mais sociedade conivente tem por resultado tão somente corrupção.

Para começar a combater a corrupção precisamos: 1) diminuir o Estado e torná-lo forte; 2) fazer valer a lei, para toda a sociedade; 3) educar para a cidadania, tornando moralmente reprovável a corrupção.

Indignar-se com a corrupção é bonito, vencê-la é uma tarefa hercúlea para os homens e mulheres de bem, que exigem apenas que se cumpra a lei.

 

*Laércio Lopes de Araujo, médico e bacharel em direito pela UFPR, exerce a psiquiatria há 25 anos

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