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Dedicatórias

No próximo dia 14, lanço meu primeiro livro em prosa, “Por extenso” é, na sua maioria, uma compilação de crônicas publicadas neste espaço. Completam a obra alguns textos antigos, de uma época em que eu nem imaginava publicar em jornal.

Os lançamentos são eventos especiais nos quais o escritor encontra seus leitores, amigos e familiares, que no meu caso, acabam sendo um grupo só.

Embora neste ano haja o diferencial de estar publicando um gênero diferente da poesia, o que me deixa ansioso é estar outra vez cara a cara com o momento mais tenso que existe em um lançamento: a hora da dedicatória.

A maioria das pessoas imagina ser esse o ápice do evento, mas para mim – e para alguns outros escritores que conheço – é sempre um terror. Como assim? Você me pergunta. É só escrever qualquer coisa ali e pronto! Antes fosse.

Primeiro que essa “qualquer coisa” não pode ser repetitiva. Eu morro de medo de que, alguém que tenha meus livros anteriores, consulte-os de vez em quando, e perceba ali na primeira página, que venho me repetindo há quase dez anos! O leitor, ainda mais quando nos é próximo, quer algo de certa maneira único, inédito, que seja de alguma forma pessoal e cúmplice. Nem sempre é possível. O certo mesmo seria padronizar por completo. Já pensei até em mandar fazer um carimbo.

 

PARA ________, COM AMIZADE E CARINHO.

KLEBER BORDINHÃO.

 

Eu sei, é impessoal, frio. Além dos mais, que tipo de escritor não consegue criar algumas frases diferentes ali naquele espaço? De qualquer maneira, a ideia veio em um momento de desespero, assim como surgiu, foi descartada. Até porque resolveria apenas um dos problemas da dedicatória.

Todo mundo em algum momento da vida já esqueceu o nome de alguém. Geralmente, o lapso nominal se dá em encontros ocasionais, nas ruas, festas, supermercados, etc. O constrangimento é certo e livrar-se dele é uma arte que poucos dominam. Agora imagine-se frente a frente com uma pessoa que veio até o lançamento do seu livro, prestigiou o evento, comprou a obra e que na hora daquela dedicatória especial, você, desgraçadamente, esquece sua alcunha. Desejo-lhe uma ideia fixa, um argueiro ou uma trave no olho, mas que nunca passe por tal aperto. E as redes sociais tornaram a gafe ainda mais frequente. É complicado, minha lembrança de algumas pessoas é a soma de seu avatar e do @algumacoisa. Muitas vezes, eu realmente não sei nome o de batismo do cidadão ou da cidadã.

É claro que tenho alguns artifícios para fugir dessas encruzilhadas, de vez em quando eles me salvam. Obviamente, não vou citá-los aqui, afinal, talvez você me conheça, quiçá compre um livro meu e, mais que isso, me peça uma dedicatória. Neste dia, se perceber algum sinal de inquietação, por favor, não me leve a mal.

Com amizade e carinho.

Kleber.

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