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DESUMANIZAÇÃO

Estava assistindo a um programa de entrevistas quando uma das entrevistadas falou que no seu trabalho ela sempre reclamava de tudo, ficava insatisfeita com tudo, nada parecia ser o suficiente para torná-la realizada. Não gostava da equipe, do ambiente de trabalho, dos móveis, da rotina, enfim, nada era bom. Até que um dia um colega de trabalho lhe disse que ela parecia com uma macaca de circo, vestida com roupa de bailarina para parecer graciosa, mas que era embrutecida pela mão rude do treinador. É uma figura de linguagem muito forte e expressa de maneira bastante intensa o que acontece com muitas pessoas no mundo moderno. Ela disse que isso foi um tapa na sua cara, e que depois de umas semanas de sofrimento interno, começou a tentar mudar a sua forma de ver as coisas, mudar suas expectativas em relação aos outros, e tentar enxergar o melhor nas coisas que estavam ao seu alcance. Não se sentiu bem na figura com a qual foi comparada, e muito menos com a imagem de uma pessoa bruta, porque a brutalidade é o oposto da humanidade. 
SER BRUTO É SER DESUMANIZADO
Estamos nos embrutecendo, estamos ficando rudes em nossas relações, estamos nos preocupando e supervalorizando nossos dramas individuais e deixando transbordar para os outros nossos medos, raivas e frustrações. Uma entidade aqui da cidade comprou um conjunto de suportes de acrílico para avisos. Ao tirar da caixa, alguns estavam danificados. Ao tentar fazer a troca, o vendedor se negou e disse que aquilo só quebrou porque quem estava manuseando estava agindo feito “cavalo”. Por que razão as pessoas maltratam as outras? Os chefes que menosprezam suas equipes, vizinhos que não se conversam, colegas de trabalho que não se respeitam, brigas no trânsito por besteiras, crimes hediondos por ninharia. As pessoas deixaram de relativizar as coisas, ou seja, deixaram de estabelecer as proporções dos fatos. Explico. Se você bate o carro e ninguém se machuca, qual é o problema? Se teus filhos são uns pestinhas, mas são saudáveis e felizes, qual é o problema? Se o teu emprego não é aquele dos teus sonhos, mas você tem tempo para se reinventar, qual é o problema? O problema surge quando esquecemos de olhar todas as variáveis da vida e centramos nossas expectativas em um único elemento. 

A MÃO RUDE DO TREINADOR
A brutalização das pessoas vem ocorrendo de maneira lenta e forçada e, para interromper esse processo, a primeira coisa a fazer é se livrar do treinador. Assumir as rédeas da própria vida. Quem é o seu treinador? O trabalho? O salário? A falta de amor e paz dentro de casa? A falta de tempo? A rotina? O descontrole emocional? A falta de maturidade emocional? É preciso encarar a vida de frente e dar um basta. É preciso iniciar um processo de descida, de por os pés no chão, de reorganizar-se, de entender que a sua vida e a vida das outras pessoas são maiores e mais importantes que qualquer problema. A mudança de postura diante das dificuldades da vida (nossos treinadores de mãos rudes) é uma decisão particular, pessoal e intransferível. Aceite sua história. Amenize suas relações e entenda que cada um tem seus próprios sofrimentos. E não se esqueça de relativizar os problemas, deixando-os do tamanho que verdadeiramente, sem torná-los maior do que a própria existência. A REUMANIZAÇÃO das nossas relações começa em cada um de nós, e para isso basta cada um lembrar-se de SER HUMANO.

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