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DUNKIRK

POR PEDRO MIRANDA

 

DUNKIRK (Christopher Nolan, 2017). Maio de 1940. A 2ª Guerra Mundial está em andamento e, na praia de Dunkirk, mais de 300 mil soldados aliados foram encurralados pelas tropas alemães. O filme em questão retrata – simultaneamente por terra, água e ar – a operação que tinha como objetivo salvar este contingente, levando-o para a Inglaterra. É, portanto, um inegável filme de guerra. O que não significa que o espectador seja bombardeado por litros de sangue, membros decepados ou passados estereotipados daqueles personagens. Outros filmes – também ótimos, diga-se de passagem –, como O Regaste do Soldado Ryan (1998) ou Corações de Ferro (2014), se utilizam de tais artifícios para que torçamos ainda mais pelos protagonistas. Dunkirk não.

Em seu filme de guerra, Nolan (diretor da trilogia Batman e A Origem) reconhece que, antes de se constituírem de pessoas com vidas e histórias particulares, as guerras são travadas por humanos. Independentemente de suas origens, são indivíduos que lutam por um mesmo objetivo (político ou ideológico, verdadeiro ou falacioso), lado a lado, contra um inimigo comum. E a possibilidade da morte basta para que sintamos o medo daqueles personagens, os quais, antes de ganhar o conflito, desejam (sobre)viver.

É claro que, para criarmos esta empatia, um roteiro coeso e um diretor habilidoso são essenciais, e as decisões de não personalizar o inimigo, retratar algumas partes do resgate quase em tempo real e não se focar no passado dos personagens (sequer sabemos o nome de vários deles!) são muito acertadas, fazendo a narrativa sufocante do conflito se sobressair. E, neste sentido, a excelente trilha sonora do mestre Hans Zimmer – ainda que, por vezes, repetitiva – ressalta a constante tensão, presente durante os 106 minutos do filme. Poder-se-ia argumentar que a ausência de sangue ou feridas expostas prejudica a realidade da guerra. Difícil discordar, mas, mesmo sem a sanguinolência habitual dos demais filmes deste gênero, confesso que, por várias vezes, percebi que segurava a respiração, tendo saído da projeção bastante tenso. Em certo momento, um dos soldados pergunta: Nós decepcionamos vocês, não?. Não a mim. E espero que o restante pense o mesmo, enxergando em cada um daqueles personagens um filho, uma amiga ou a si mesmo, já que, antes de mais nada, uma guerra se faz de medo, pavor e vidas perdidas.

 

 

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