Giovani Marino Favero
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEPG
Recentemente lendo um livro da década de 1950 do século passado sobre Gigantes da Ciência, me deparei com um afresco sobre os templos de Esculápio na Grécia antiga, em que membros do corpo humano eram pendurados no santuário. Imediatamente me lembrei de uma visita ao Santuário em Aparecida e em algumas igrejas de Salvador onde essa prática é feita até os dias de hoje.
Curioso, como sempre, fui procurar no Dr. Google sobre o assunto. Esses objetos são os Ex-Votos, de acordo com essa definição literária: “Quadro, imagem, inscrição ou órgão de cera ou madeira, etc., que se oferece e se expõe numa igreja ou numa capela em comemoração a um voto ou promessa cumpridos” (FERREIRA apud OLIVEIRA, 2009).
Antes de Hipócrates (460 a.C.) o exercício da medicina estava diretamente ligado aos sacerdotes de Esculápio (700 a.C.), o semideus grego da cura. Segundo a lenda, Esculápio foi um hábil médico que, acreditavam, tinha a capacidade de ressuscitar os mortos. Até aquele momento as doenças eram vistas como a zanga dos deuses com os homens, portanto, a saúde dependia de sacrifícios e oferendas aos deuses. O símbolo da atividade médica, o cajado com uma cobra enrolada, se deve a Esculápio, a lenda conta que em uma visita a um de seus pacientes no templo, uma serpente enrolou-se no cajado, permanecendo nele.
O templo de Esculápio na ilha de Cós, na Grécia, e em outros locais era forrado por ex-votos. E hoje, quase três mil anos depois, essa prática continua viva.
Ainda nessa relação mística com a saúde até Hipócrates, os estudantes de medicina eram obrigados a estudar Astronomia, pois por meio dela determinavam-se as estações e as doenças de cada época. Essa relação de planetas, saúde, futuro e presente era habitual à medicina do período pré-hipocrático.
Pensando bem, se você vê o seu mapa astral, ou faz um ex-voto para o tornozelo curado, fique tranquilo, há um grupo muito grande de pessoas pelo mundo confiantes nas metodologias dos devotos de Esculápio.
REFERÊNCIA
FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio século XXI. 3. ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1999. In: OLIVEIRA, J. C. A. Forma e conteúdo. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 1, p. 30-31, n. 1, 2009.