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FIM DE FÉRIAS

Quando as crianças entram em férias lembro claramente do meu falecido avô materno falando um dia: “Onde tem juventude, não tem quietude.” Ele referia-se a nós, que na época éramos crianças, e ficávamos o dia todo correndo e gritando. Foram três semanas de férias, em alta rotação, cheia de dedinhos apontando para tudo, cheios de querer, de descobrir e de aprontar. Acordando às 7h da manhã, acordando não, DESPERTANDO para a vida, cheios de idéias na cabeça. E encerrando o dia lá pelas 22h, sob muita negociação e ameaças de que não poderiam brincar no dia seguinte. O Alcione (meu gato) que tem mais de 3,5kg saía de orelha baixa quando escutava a criançada. Subia no muro e ficava lá do alto observando tudo e se sentindo livre. Voltava para casa somente depois do silenciamento.

IDEIAS

E para completar o quadro, tive a brilhante ideia de levar para casa um filhote de coelho exatamente igual ao da música de Páscoa, fofinho, de pelos branquinhos, orelhas compridas e olhos vermelhos. Afinal que trabalho pode dar um coelhinho? Meus amigos, que ilusão! Primeiro porque as crianças ficam em desespero porque querem ver o animalzinho botar ovos de chocolate. Segundo porque é um bichinho bem “porquinho” e sem muito espaço mental para aprender coisas. Ao contrário do que a maioria pensa, o coelho não come cenouras como se fosse o melhor dos manjares, ele prefere ração. Além disso, não obedece a comandos, deixa seus “ovinhos de chocolate” por todo canto e não respeita nem a própria comida. Esconde-se embaixo de móveis e à noite, quando ia pegá-lo para colocar na gaiola, fazia uma correria e eu tinha que fazer uma perseguição ao coelho, que é incrivelmente rápido para seu tamanho. Onde é que eu estava com a cabeça quando o aceitei de presente?

COMPENSAÇÃO

Obviamente estou exagerando nas impressões das férias, porque na realidade é um tempo muito bom e precioso de convivência com as crianças, sem compromisso de horário, de tarefa, de uniforme e outros tantos fatores que envolvem o frequentar as aulas. Conseguimos medir melhor a evolução dos pequenos e recuperamos um pouco de nossa juventude, porque eles não sabem o que significam os conceitos de jovem/velho e nos arrastam em suas aventuras como se fôssemos da mesma idade. Um dia desses, no shopping fui “obrigado” a entrar na piscina de bolinhas com os dois. Esforcei-me bastante para parecer contrariado, porque na verdade estava achando ótimo rolar, mergulhar e afundar naquele monte de bolinhas. Tenho um pijama esverdeado (que parece uma melancia) que tive que usar durante o dia algumas vezes, porque segundo eles era a minha fantasia de Lagartixo (verde), um dos heróis de pijama que faz trio com o azul Menino-Gato (Benjamin) e a pink Corujita (Rebeca). Se você não tem filhos pequenos não vai saber do que estou falando, então é melhor acionar o Google. E assim entre a realidade do trabalho e da família e o imaginário e o lúdico das crianças, as férias acabaram e eles voltaram para a escola. E o silêncio voltou e as horas alongaram. E a casa ficou baldia, ou seja, vazia e abandonada.

 

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