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Meus 50 anos de UEPG

Carlos Roberto Berger

Com 17 anos entrei no curso de Odontologia da Faculdade Estadual de Farmácia e Odontologia de Ponta Grossa que iniciou sua história em 16 de novembro de 1952.  A Faculdade que, juntamente com outras já existentes, formaria, em 1970, a Universidade Estadual de Ponta Grossa. Do início como estudante, jornada iniciada em março de 1965, até hoje permaneço vinculado às suas atividades. Era um mundo novo, um sonho.

O menino que perdeu os pais aos seis anos, agora, estava na universidade. Nela encontrou professores dedicados que se redobravam para ensinar os procedimentos clínicos. Era uma época em que os professores tinham apenas o curso de graduação. Nem pensar em ser especialista, mestre ou doutor. Com medalha de ouro existente na época, cheguei à graduação em 1968. No ano seguinte, veio a recompensa: fui contratado como professor do curso.

Aposentei-me em 2002. Mas permaneci na instituição como Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Culturais e, posteriormente, como chefe do Escritório para Assuntos Internacionais. Hoje estou como professor convidado do Programa de Pós Graduação em Odontologia. Orgulho-me de em março de 2015 completar 50 anos de UEPG. Trajetória ininterrupta que imagino ser inédita na instituição.

Num olhar em retrospectiva, reencontro-me com os tempos acadêmicos que registro como inesquecíveis. Mas assinalo a trajetória de professor como especialmente fantástica. Foi como professor que integralizei os conhecimentos na área de Endodontia, disciplina que ministrei no Curso de Odontologia. O professor Osmário Pimentel dos Santos, então diretor da Faculdade, surge como a figura mais emblemática daqueles tempos para mim. Foi ele que me convidou, na época, para ser professor – ministrar Microbiologia.

As lembranças vividas no curso trazem de volta muitos professores que me impressionaram na odontologia. Inicialmente eram professores apenas graduados, mas que com forte experiência clínica formaram odontólogos de qualidade para o mercado de trabalho. Entre esses professores, Flávio Ribeiro dos Santos foi o primeiro a obter o doutorado. Sei que não vou conseguir nomear todos, mas nos nomes citados presto reverência aos professores que com determinação construíram a história do curso na UEPG.

Da época que trago como recordação, destacam-se Herberto Gevert, Galbas Augusto Knechtel, Caetano dos Santos Marochi, Emigdio Enrique Orellana Jimenez, Reynaldo Quadros Adams, Ricardo Chwist, Vitoldo Celinski. São exemplos do que há de mais importante para um professor de Odontologia: vivência clínica em consultório particular. Visualizo nesse caminho Valdir Silva Capote, amigo inesquecível!

Convivi também com Mário Braga Ramos, ex-deputado federal e ex Secretário de Educação. Professor da nossa disciplina – o titular. Carlos Antonio Pellissari e Antonio Edgar Kroling foram por 20 anos colegas de disciplina. Tiveram que ser pacientes e tolerantes comigo. O que determinou bom e duradouro relacionamento que ainda persiste. Naquela época, o curso de Odontologia já tinha áurea de grande da UEPG. As avaliações do MEC, hoje, confirmam essa posição do curso.

Num salto no tempo entramos em 1976, quando passa por nossa disciplina João Carlos Gomes nome importante da odontologia da UEPG. Faz história na instituição como aluno, professor e reitor por três vezes. Atualmente está como Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A atuação dinâmica e ética de João Carlos eleva o nome do curso e da instituição. Ser humano diferenciado e elevado.  Está onde está por mérito. É meu amigo e meu irmão!

Tornei-me especialista, mestre e doutor em Endodontia pela Unicamp (Universidade de Campinas) – o único na área em Ponta Grossa até hoje. Nesse período tive a oportunidade de escrever cinco livros e ser co-autor de outros cinco. O tempo passou e, atualmente, o curso conta com professores da mais alta qualificação. Ter mestrado e doutorado nos tempos atuais é condição sine qua non para a entrada de novos professores na UEPG.

Mas, infelizmente, entendo que por si só essa exigência não é das melhores. Isso porque permite a entrada de professor que se graduou, fez pós-graduação com zero hora de clínica e, por conseguinte, sem experiência na prática profissional. Esta é a condição que se espera de um grande professor. A experiência clínica precisa ser mais valorizada em prol da melhor formação do aluno.

Nas marcas de uma memória, pontuo que estar vinculado à história da UEPG (por 50 anos ininterruptos) é um privilégio. Não há como deixar de rever momentos que se encontram com o presente sem dizer: sinto-me feliz e honrado de ter chegado até aqui. O que mais me gratifica é ver que a nossa universidade segue com firmeza em seu esforço de desenvolvimento. É a resposta de qualidade à sua missão social de oferecer ensino, pesquisa e extensão compromissada com os anseios da sociedade.

Fazer uma universidade de excelência significa valorizar a qualidade de vida das pessoas. Agradeço e posiciono minhas recordações como reverência à UEPG.

O autor é professor aposentado e docente da pós graduação em Odontologia da UEPG.

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