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O remédio da demagogia em tempos de coronavírus

Por Julio Bonafonte

Todos os recursos financeiros enviados pelo governo para o combate ao novo coronavírus são bem-vindos e vitais, pois a vida não é mensurada economicamente. Isolamento social e os demais sacrifícios devem ser feitos, obrigatoriamente, para diminuir os casos e as mortes, independentemente da fala de governantes demagógicos, que são irresponsáveis e dizem que o “brasileiro, mesmo no esgoto, não pega nada”.

O que não podemos aceitar são as indignas propostas de corte nos salários dos servidores que surge, ora no Legislativo, ora no Executivo, para suprir necessidades financeiras de governos federais e estaduais, que gastam mal e vivem de bravatas, distanciados da realidade.

Na visão distorcida dos governantes, o servidor público é o culpado de todas as mazelas econômicas do país. Um governo federal que, por exemplo, não sabe a diferença entre saúde e economia, não avaliando que o bem maior do ser humano é a sua própria existência.

A pandemia é real. Salvar vidas é um exercício da cidadania e da solidariedade humana. Aplaudimos e homenageamos os super-heróis da saúde e da segurança pública, que enfrentam a morte para que vivamos.

Porém, o servidor público da saúde não tem a capa do herói. Um governante inaugura hospitais e postos de saúde, mas passados poucos dias os abandona sem recursos mínimos de funcionamento, como materiais de proteção, remédios, macas e equipamentos, itens indispensáveis para o trabalho desses servidores, que ganham mal e se dedicam acolhendo os enfermos com esforço e humanidade. Quando é impossível, equivocadamente são ofendidos pela própria população, como se fossem culpados. O brasileiro se esquece ou ignora que o governante omisso é quem gera toda a deficiência no atendimento.

Se o governo federal complementa o salário do trabalhador da iniciativa privada no período da crise, é mais uma razão para que o trabalhador público não seja castigado, pois ele é que proporciona cidadania à população.

O que a sociedade quer é o corte dos penduricalhos de deputados (federais e estaduais) e dos senadores e que sejam extintos os cargos em comissão de apadrinhados e fundos partidários. A sociedade pede que sejam cobrados impostos sobre grandes fortunas e que sejam executadas as dívidas dos bancos.

Preservar os salários dos servidores públicos sem cortes é o mínimo de dignidade que o Estado deve ter com quem exerce a atividade em seu nome, mas para o povo.

O autor é diretor jurídico da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)

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