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Onde estaremos em 2025?

 

 

Por Coriolano Xavier

Onde estaremos em 2025? Deparei-me outro dia com essa pergunta. Gente boa do Brasil e do exterior tenta responder a essa indagação. Mas o fato é que todos nós deveríamos fazer sempre essa pergunta a nós mesmos, olhando para um futuro mais distante.

O agronegócio, por exemplo, vive um momento de rica inquietação em tecnologia, perfil de consumo alimentar, demografia dos mercados e organização dos sistemas de produção de alimentos. O setor está se transformando em todo o mundo e merece reflexões sobre onde tudo isso vai dar e que rumos teremos pela frente para seguir.

O Instituto para o Futuro, por exemplo, já fez algumas apostas sobre tendências disruptivas do agronegócio, alinhando primeiro um eixo estratégico de transformação estrutural: a reorganização dos sistemas de produção agropecuária de modelos baseados em recursos intensivos para alternativas de baixo impacto na ambiência.

Sob esse guarda-chuva, por exemplo, despontam estudos para agricultura sem solo e com baixo uso de água – tanto em ambientes internos, como externos. Ou então projetos já desenvolvendo protótipos de robô que utilizam a teoria de games para automatizar tarefas complexas de cultivo. E, ainda, a incorporação de áreas antes desertificadas e recuperadas pela combinação de produção animal e projetos preservacionistas.

Surgem também novos alimentos, não tradicionais, como um substituto vegetal de ovos, mais barato, sustentável e em teste na produção industrial de maioneses. Sem contar substitutos para a carne de aves, que já mereceram inclusive a atenção de um jornal peso pesado como o New York Times.

No âmbito dos hábitos alimentares, fala-se na perda de espaço do alimento rápido para uma experiência mais consciente de alimentação. A bordo dessa mudança teríamos, inclusive, novidades como o uso de sensores para monitoramento da velocidade das refeições — e um aumento geral da habilidade de cozinhar, até com o emprego de câmeras para feed back instantâneo para melhor aprendizado das pessoas.

Sem falar de programas inteligentes para gerenciamento do estoque nas geladeiras e recomendação de refeições. Ou então da possibilidade de alimentação líquida, inodora e com os nutrientes para manter um organismo em funcionamento – como a bebida Soylent, que em 2013 recebeu investimentos de 1,3 milhões de dólares para produção em escala.

Nos próximos 10 a 15 anos, provavelmente o Brasil ainda vai ter seu maior protagonismo no agronegócio. Essa crença já está inclusive instalada na cabeça da população, conforme revelam pesquisas de opinião recentes em grandes capitais do país.

Para o agronegócio, portanto, não tem como não estar pelo menos sintonizado com essas ‘fantasias de futuro’, como muitas vezes são chamadas. Afinal, um dia também se chamou a revolução verde e a biotecnologia de fantasias.

 

O autor é membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM

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