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PAI-19

Sou pai de três filhos. Nelson Luiz, hoje com 30 anos, Benjamin com 5 anos e Rebeca com 3 anos. Quando fui pai pela primeira vez eu era muito jovem. Não tinha maturidade, não tinha profissão e a sinceramente não tinha nem mesmo um futuro. Digo para meu filho mais velho que ele deu azar porque eu era um tanto “idiota" e muito preocupado com ganhar a vida e as dificuldades dessa empreitada  para conseguir ser um bom pai. A culpa disso não era só da minha imaturidade. Fui criado sem pai. Quando eu tinha 3 anos de idade meu pai abandonou a família. Morávamos no Rio Grande do Sul. Ele trabalhava no Mato Grosso. Ia nos visitar de vez em quando. Um belo dia nos trouxe para Ponta Grossa, alugou uma casa e comprou muita comida. Foi trabalhar e nunca mais voltou,. deixando para trás a mãe com 8 filhos e uma história. Então não tive nenhuma referência paterna e isso fez muita falta na minha relação com o Nelson Luiz. Explica, mas não justifica. Porque eu poderia ter sido melhor e feito meu melhor. Não o fiz e não há como resolver o passado.

UMA SEGUNDA OPORTUNIDADE

Quando olho meus filhos pequenos sinto que Deus me ama. Que me deu uma nova oportunidade de ser melhor. De romper os grilhões da corrente, porque meu filho mais velho também se criou sem referência de pai. Devo ter passado para ele o não aprendizado que tive. Quando Benjamin veio eu estava num momento da vida muito diferente. Já não precisava correr atrás de muitas coisas. E quando olhei para ele na maternidade, com toda a fragilidade e os estigmas da Síndrome de Down senti realmente o amor de Deus na minha vida. Percebi o tamanho da missão que eu e Danielle recebemos. Naquele momento senti que a corrente se rompeu. Que eu ganhei um coração novo e me tornei um homem novo. E depois veio a Rebeca, a irmã que o Benjamin precisava, serelepe, ágil, traquina, feliz, falante e cheia de ideias. Sempre me pergunto como pude ser merecedor de três filhos tão bons. Onde Deus estava com a cabeça ao me confiar essas três vidas. Já sou meio velhinho na idade mas tenho tentado  ser o mais jovem que eu consigo, para acompanhar meus filhos.

NÃO É FÁCIL

Ser pai não é uma tarefa fácil. Ainda há muita cobrança do pai Durão, do disciplinador e do provedor. Ao mesmo tempo em que a sociedade moderna pese exatamente o contrário. Criar sendo libertador. Conduzir sem reprimir. Aprender a educar enquanto educa. Criar um filho no mundo de hoje é como construir um avião em pleno voo. Não existem receitas nem caminhos infalíveis, mas tem uma coisa que não falha nunca: o amor. Amar os filhos e declarar seu amor por eles, sem economizar palavras e nem perder oportunidades de abraçá-los e abençoá-los,  pode ser a maneira  mais simples e sofisticada de ser pai. De influenciar positivamente. De plantar uma boa semente. E boas sementes dão bons frutos. O amor justifica os sacrifícios que temos que fazer, como as ausências em função do trabalho, as noites mal dormidas e até as mudanças de hábitos. Sempre senti falta de dizer ao meu pai que o amava. Então hoje em dia não passo vontade de dizer aos meus filhos que os amo.  Não importa que tipo de pai você foi até hoje porque o passado não se muda, se aceita.  Mas importa sim que tipo de pai você vai decidir ser a partir de hoje.

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