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Ponta Grossa é única

Governantes eleitos de qualquer nível, seja federal, estadual ou municipal, assim que tomam posse, costumam dizer que se trata do início de uma nova era nos seus respectivos domínios de ação. É comum ouvirmos frases de efeito que proclamam um novo Brasil está nascendo, ou é um novo Paraná a partir de agora. No entanto, com o passar do tempo, percebemos que aqueles que eram para ser a novidade, logo apresentam características e atos iguais aos dos seus antecessores.

Políticos costumam nos vender essa falsa ideia, na qual o que é novo deve ser bom, e o que é velho, sem dúvida é ruim. Entretanto, isso não passa de um preconceito velado, além de uma boa dose de ignorância. E infelizmente, no Brasil, esta tosca noção de valores, também nos cobra um preço muito alto em questões culturais, arquitetônicas, ambientais, econômicas e sociais. Na maioria das cidades brasileiras, em nome de uma pseudomodernidade, se destruiu um vasto e incalculável Patrimônio Histórico e Natural, para dar lugar à obras públicas absurdas (quase sempre superfaturadas), ou para a tão comum especulação imobiliária particular. Preservação da História e da natureza para muitos brasileiros, não passa de uma vã e inútil bobagem, valendo mais o lucro imediato ou duradouro, desde que traga algum benefício privado, em detrimento do bem coletivo.

Porém, neste artigo não pretendo entrar no pantanoso terreno da personalidade nacional e local, pois sei que não mudarei a postura daqueles que pensam dessa forma, seja por instinto, por herança genética ou mesmo pela desenfreada ambição do ser humano, tão valorizada nestes tempos superficiais de aparências enganosas, e de redes ditas sociais que nos tornam cada vez mais antissociáveis. Longe disto. Minha intenção é bem mais modesta, contudo, não menos importante. Para isso, retorno à introdução do texto, onde escrevia sobre a dicotomia entre o velho e o novo, mas colocando a nossa cidade no centro da análise.

Agora, fala-se muito em uma tal nova Ponta Grossa, que está surgindo em especial, devido ao novo momento político local, com inegável renovação de quadros, e principalmente ao atual e inédito desenvolvimento econômico do município, em desfavor da velha Ponta Grossa. Logo, o que se depreende disto, é que esta representa uma velhacaria ultrapassada, conservadora, elitista, retrógrada, forjada por coronéis, etc., enquanto aquela, é dinâmica, moderna, arrojada, plural e progressista.

Ocorre que se assim for, essa nova Ponta Grossa já nasce sob o signo da ingratidão para com os nossos antepassados, desde os desbravadores tropeiros até aos nossos pais ainda vivos ou mortos, afinal, não existiria a nova cidade sem a velha cidade. Ponta Grossa é uma só, onde todos nós passaremos, mas ela permanecerá, com seus defeitos e suas virtudes, com sua História feita por ricos e pobres, por brancos e negros, nativos e imigrantes, homens e mulheres, jovens e idosos, enfim. E é muito bom que assim seja. Portanto, nestes 191 anos da Princesa dos Campos Gerais, decretemos de uma vez por todas, que não existe velha nem nova Ponta Grossa. Só existe a Ponta Grossa, e ela é única, assim como cada um de nós.

Sandro Ferreira, cidadão ponta-grossensse

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