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Reforma Política, Responsabilidade da Sociedade

Por Laércio Lopes de Araujo – [email protected]

Vivemos em um país abalado por uma megaoperação contra a corrupção. Compromete as principais lideranças partidárias e a própria legitimidade do sistema político. Tem juízes e procuradores acusados de agir politicamente e abre caminho a aventuras políticas preocupantes.

A Lava Jato tem provocado grandes efeitos colaterais. Aparentemente parece mudar tudo no Brasil, para que tudo permaneça como está. Há um processo muito intenso de busca por bodes expiatórios de ambos os espectros, enquanto os políticos só têm responsabilidade política. A mesma sociedade tolera estas práticas há muitos anos.

Os brasileiros, para que possam mudar de fato a ordem política, têm como sociedade, de se responsabilizar também pela situação e não colocar toda a culpa nos políticos.

Por que ao crer que se você se livrar de bodes expiatórios tudo ficará bem, simplesmente produzirá autoengano. Apoiar a Lava Jato, sem que se busque uma efetiva mudança do sistema político, sem que se volte para a rua para mudar a forma de encarar as responsabilidades, fará com que nada seja plantado exceto a ideia de que a política é ruim e que os magistrados são super-homens.

Com isso temos tornado os juízes e promotores atores políticos, vindo a público e discutindo ideias políticas, onde a imparcialidade e a dignidade da justiça são imolados na pira das vaidades pessoais.

O excesso de publicidade e de interferência na mídia tanto dos juízes, quanto dos procuradores, pressupõe a existência de uma agenda política que não é clara para a sociedade e que por isso compromete, em muito, a responsabilidade que esta deveria assumir no caos implantado no país.

A simples possibilidade de enfrentarmos um segundo turno em 2018 entre Lula da Silva e Bolsonaro, mostra bem o alheamento da sociedade de sua responsabilidade para com a mudança do sistema político. Escancara uma alienação buscada, desejada, que produzirá mais caos e confusão.

O PT aposta numa radicalização entre seu candidato e o arquetípico representante do atraso, porque é a única chance de vitória. Mas isso é apostar no pior, é perpetuar um sistema político que nos trouxe ao beco em que nos encontramos.

Não há como afastar a política, não há como esquecer a responsabilidade da sociedade em todos os problemas econômicos, sociais e políticos que vivemos. Assim, não há que recorrer a sebastianismos, não há salvadores da pátria, não há histórias de nunca antes na história deste país.

Os governos no Brasil são muito instáveis, e desde a Constituição de 1988 passamos de um Presidencialismo de Coalisão para um Presidencialismo de Cooptação. Tal é o resultado do atual sistema político. Lula da Silva desde seu primeiro mandato instava o Congresso para a Reforma Política, para a Reforma Tributária mas, ao término de seus dois mandatos, não tinha elaborado qualquer proposta de mudança. Por quê? Porque o sistema privilegiava a sua permanência no poder.

Continua um candidato forte para 2018, mas tão somente estribado em um discurso falso de salvacionismo. Apenas apostando no quanto pior, melhor! Apenas desejando como opositor o pior que a política brasileira pode conceber.

Brasileiros, ou a sociedade assume suas responsabilidades e muda, aprende com o sofrimento, ou haverá de repetir-se.

Parlamentarismo. Distrital misto. Alternância de poder. Nada de reeleição. Eis um vislumbre de caminho!

 

O autor é médico e bacharel em direito formado pela Universidade Federal do Paraná, atua em psiquiatria há 27 anos, Mestre em Filosofia e especialista em Magistério Superior.

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