em

SAIR DE CASA PARA MATAR UMA ONÇA…

 

Sempre tive em mente que no mundo tem gente para tudo. Brinco em sala de aula que tudo o que você imagina de mais esquisito que possa existir ou ser feito, sempre vai ter alguém fazendo em algum lugar do planeta. Então é de se esperar todo e qualquer comportamento da humanidade, do extremamente bizarro ao extremamente convencional, o que obviamente não elimina o estranhamento dos demais. Mas algumas coisas são pontos fora da curva, são tão esquisitas que fica difícil de entender. E temos sido brindados recentemente com uma grande miríade de acontecimentos que mostram o quanto estamos piorando com o tempo. Vendo a reportagem sobre um grupo de caçadores na região amazônica composto por médicos, dentistas, servidores públicos e outros profissionais supostamente “esclarecidos e bem formados” me deixou chocado. Os cidadãos reuniam os amigos, saiam de seus trabalhos e entravam na floresta com matilhas de cães para caçar os animais. E a única justificativa usada foi a do líder do grupo dizendo “como eu não fumo e não bebo, eu faço isso…”.

ESTAMOS NO LIMITE

Parecia normal colocar a caçada no mesmo patamar do cigarro e da bebida, como se cada pessoa precisasse ter um vício qualquer para poder viver bem. Extrapolando a notícia, que por si só já é esquisita, pois os indivíduos saíam de casa deixando família e trabalho para matar animais, esse comportamento é um sintoma muito forte do momento pelo qual passamos, onde a vida não tem mais o mesmo valor. Matar por matar não é algo que acontece somente no meio da floresta, mas tem acontecido nas ruas da cidade, dentro das casas, no ambiente de trabalho. A falta de significado para a própria existência faz com que a existência do outro se torne um insulto. Não gosta da pessoa, então a elimina. Não consegue ter os bens que o outro tem, então toma de assalto e se vacilar, mata por matar, e ainda exibe o troféu. Exatamente como os caçadores e suas caças.

OUTRAS FORMAS DE MATAR

Além da morte física existem outras formas de matar alguém, por meio da opressão, da destruição dos sonhos, da desmotivação, das palavras duras, do reforça nas crenças limitantes. Morte que mata por dentro, que tira o brilho dos olhos e torna a pessoa uma carcaça vazia. A humanidade passa por uma inversão profunda de valores, onde o respeito ao próximo e à vida estão perdendo o significado. A exposição massiva à violência que temos todos os dias nos meios de comunicação está deixando mais elástico o nosso limite de aceitação para essas coisas. Tudo é normal, tudo é aceitável e tudo pode ser replicado. Um amigo meu disse que o problema dos vícios é que cada vez o limite de aceitação do corpo aumenta e o viciado precisa usar doses cada vez maiores. O alcoolismo começa com uma dose, não com uma garrafa de bebida. O tabagismo começa com um cigarro. Porém o efeito é assimilado pelo corpo e é preciso beber e fumar cada vez mais, e mais. O descaso com as pessoas e com a vida parece mesmo um vício. Se não forem tomadas medidas de contenção urgentemente, a que ponto chegará a dose necessária para satisfazer o instinto destrutivo das pessoas?

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.