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Setembro Amarelo

Por Laércio Lopes de Araujo – [email protected]

A OAB de Ponta Grossa tem realizado um importante programa de discussão de saúde junto aos profissionais de direito sob a coordenação impertérrita do Dr. Victor Hugo Bueno Fogaça.

Este mês, com o setembro amarelo, busca-se incentivar e alertar para os cuidados com a saúde mental, o sofrimento, a solidão, o estresse e a prevenção do suicídio, muitas vezes um tema tabu numa sociedade que não sabe valorizar a vida.

Talvez um dos aspectos mais relevantes que devemos encarar é o aspecto da informação que nas últimas duas décadas sofreu uma revolução impensável quanto à sua quantidade, qualidade e acesso.

Quando o mundo passou pela revolução industrial do final do século XIX com a criação da máquina a vapor, do telégrafo, do telefone, a energia elétrica, a produção em massa, as transformações entre o 1870 e o 1914 foram tão espetaculares, e nunca mais igualadas, que a humanidade, com um domínio tecnológico estupendo, soube apenas deflagrar duas hediondas guerras mundiais.

Após a explosão das bombas em Hiroshima e Nagasaki a tensão entre a vida e a morte, o conflito temido entre as duas potências nucleares e a proximidade da destruição do próprio planeta nos trouxe a pílula anticoncepcional, o amor livre, o movimento hippie, as drogas e as músicas do ritmo dance dos 80!

Mas, a história não acabou como muitos historiadores prognosticaram com o fim da URSS em 1991 e o término das ameaças bipolares no mundo. A promessa de um mundo florido com o EUA como única potência hegemônica não se realizou. Antes disso, temos um mundo crescentemente multipolar e novamente ameaçado pela hecatombe nuclear.

Nossos jovens, colhidos num tsunami informacional, estão o tempo todo ligados a telas minúsculas, subservientes às emergências que surgem dos aplicativos que os mantém permanentemente informados das insignificâncias mais irrelevantes que acontecem com grupos e indivíduos que de outra forma seriam apenas fatos.

Quando a informática e a internet começaram o seu boom na década de 80, acreditava-se que nos anos 2000 os homens e mulheres trabalhariam menos, teriam muito mais tempo para o lazer e a cultura, o mundo seria menos pesado de ser carregado com suas dores e sofrimentos.

No entanto, o que percebemos é que trabalhamos muito mais horas, que temos cada vez mais necessidades, que nossos aparelhos eletrônicos passam por uma obsolescência indecente em espaços de tempo cada vez menores, tornando-nos escravos da constante aquisição de novos, porque os recentemente comprados já são incapazes de corresponder às novas tecnologias que surgem a cada dia.

Nossa saúde mental é afetada pela constante necessidade de se manter informado e de uma pletora de informações conflitantes que não nos permitem fazer julgamentos amadurecidos e responsáveis.

Exemplo claro disso é o momento político que vivemos. Lula da Silva e o PT que nos trouxeram a este caos econômico e social, que estimularam clivagens e disputas na sociedade brasileira, apresentam-se em seus discursos como salvadores da situação que eles mesmos criaram.

No emaranhado de informações, prisões, julgamentos, solturas, ministros que falam demais, ministros que não falam, juízes que são muito protagonistas, outros que se abstém, procuradores que mudam de lado, que postulam coisas controversas, delações que vão e que veem, é quase impossível manter-se saudavelmente equilibrado.

O setembro amarelo deveria nos ajudar a refletir que precisamos mais olhar nos olhos das pessoas, desligar os gadgets, conversar e nos importar com a vida do outro.

Divulgação
O autor é médico e bacharel em direito formado pela Universidade Federal do Paraná, atua em psiquiatria há 27 anos, Mestre em Filosofia e especialista em Magistério Superior

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