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Taj Mahal à moda ponta-grossense

Divulgação

Detalhe da Rosa dos Ventos no piso de uma das salas da Villa Hilda

Uma obra imponente, da Índia antiga, persiste ao tempo, inspira e insiste, ode ao amor. Este mesmo amor tão estranho à mentalidade ocidental contemporânea, tão decantado em vontade, tão pouco manifestado em gesto. O imperador Shah Jahan, que diante da dor da saudade pela amada, Mumtaz Mahal, que partiu, lança mão de erigir a mais bela construção fincada no mundo em nome do amor. O mármore branco, os lápis-lazúlis incrustados e as cúpulas em forma de mausoléu, o Taj Mahal. Castelo, templo, sepulcro, mansão eterna.

Escadaria frondosa, janelas com vista vasta, porta em chave, macetaria no piso-arte, arquitetura estilo art nouveau. Uma casa, um lar, uma vila. A Villa Hilda, obra que leva o nome da amada de seu construtor. Os Campos Gerais também homenageiam o amor. Em forma de vida, não um mausoléu, construção para abrigar ainda em vida uma história de amor. Do Taj Mahal à Villa Hilda, exagero? Não. Heresia? Muito menos. Apenas poesia permissiva, poesia que eleva a vida.

Do final da década de 20, a mansão Villa Hilda é referência em história e patrimônio de Ponta Grossa. Não abrange só nossa região, carrega um pedaço da história do mundo, hábitos de uma época marcados em paredes sólidas. Tudo começou quando Heinrich Thielen chegou ao Brasil, muito jovem, vindo da Alemanha. Demonstrou gosto e habilidade pela produção de cerveja, tornando-se proprietário da Cervejaria Adriática. Mais tarde proveu ao filho, Alberto, primorosa formação como cervejeiro, na Alemanha. De volta ao Brasil, Alberto constrói a suntuosa casa, nominando-a Villa Hilda. Inda hoje, em letras destacadas, as fachadas exibem o nome. A casa da Hilda? Inscrevendo nas paredes a quem remonta. Na visita aos cômodos, a contemplação pela beleza manifestada em arte; nas paredes foram pintados à mão temas e motivos que aportam das paisagens europeias aos mirantes típicos da geografia paranaense. A riqueza nos detalhes revela o cuidado em expressar, nos traços arabescados, a função de cada cômodo. Na sala de refeições, delicadas figuras com cestos de frutas e cachos de uvas adornam o ambiente; no quarto do casal, uma trama de sofisticado e delicado efeito visual finaliza em diferentes conjuntos de flores. Obras que o artista plástico Paulo Wagner impregnou diretamente nas paredes. Na biblioteca, inusitada borda ornada com corujas e livros. As corujas parecem pinhões inseridos nas pinhas, cenário local? O tour pela casa revela o portal geográfico que desembarca da Europa, e firma corpo nos Campos Gerais, impossível não se enlevar com a viagem no tempo e no espaço. Um torreão no alto da casa possibilita visão da cidade em 360 graus, vista direta para a cervejaria. A indústria foi embora, a casa ficou e ainda procura pela fábrica perdida.

Cada bela construção pertence ao mundo, abarca características que fazem da edificação algo a ser cuidado por todos, portal da história e dos costumes. O Taj Mahal é patrimônio da humanidade, obra colossal sem precedentes. A casa da Hilda, a Villa Hilda é patrimônio nosso, em nome de mulher, em nome do amor, conta um pouco da vida que já passou, elo entre culturas e mundos que nos Campos Gerais marcou.

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