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TALENTOS MORTOS

O que vai ser dessa criança? Essa pergunta me foi feita por um padre, há três anos atrás, num momento em que eu estava questionando como seria o futuro do Benjamin. Confesso que na hora não entendi, mas na sequência o Padre Mário me explicou. Disse-me que o futuro reservado por Deus para o BJ ou para qualquer pessoa no mundo só poderia ser conhecido no futuro. E que ele pode vir a ser o primeiro médico, ou o primeiro presidente, ou o primeiro atleta de alto rendimento do país com síndrome de Down. E que a nós só cabe dar a ele as condições necessárias para que isso aconteça.

Vi num domingo desses uma notícia de um professor que cantava músicas de incentivo juntamente com crianças que se agachavam no corredor de uma escola para se proteger de tiroteios entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro, e me veio à cabeça a pergunta do Padre Mário: o que vai ser dessas crianças?

TALENTOS MORTOS

A atitude do professor de usar a música para fazer uma ponte entre o antes e o depois do tiroteio livrou essas crianças da sensação de morte que rondava o local e elas, num futuro próximo, poderão ser aqueles que mudarão a realidade vigente em suas comunidades, simplesmente porque estão vendo a vida com outros olhos. Deitados no chão, tremendo de medo, ou correndo apavorados, a vida dessas crianças nessa comunidade poderá tornar-se somente a repetição do padrão de comportamento em que estão submetidos, e assim todos os seus talentos poderiam ser assassinados. A iniciativa do professor pode ser a ruptura do status quo.

A MUDANÇA COMEÇA NA INFÂNCIA

Quando vejo aquelas escolas onde as crianças sentam em cadeiras quebradas, salas sem luz, sem conforto, professores mal preparados e sem recursos, fazendo mais do que podem, sem banheiros e sem alimentação de qualidade, imagino o quanto nosso país está perdendo pontos na bolsa de valores futuros da humanidade, pois a motivação para continuar na escola e a energia necessária para manter o corpo saudável e o cérebro em desenvolvimento não estão sendo ofertados aos alunos desses locais. E isso vai gerar e manter uma defasagem monstruosa em relação a jovens que vivem em condições melhores, no Brasil e no resto do mundo.

Cada criança traz em si um potencial gigantesco de transformação, mudança e criatividade. E essas ferramentas que vêm no espírito investigativo de cada um precisam receber na infância todos os ingredientes necessários para se desenvolverem e se potencializarem para serem usadas na vida adulta. Mudar o país para melhor depende somente de uma aposta verdadeira e concreta na forma de conduzir a vida dos pequenos. Saúde, educação, proteção e alimentação são a base que sustenta uma infância de qualidade e o surgimento de um adulto atuante e transformador.

Imagine se os pequenos saíssem de suas casas nas favelas, comunidades pobres ou das mansões e entrassem numa escola linda, equipada, organizada e com professores motivados, com condições de trabalho e bem remunerados. Com certeza teriam um referencial de vida muito construtivo e poderiam levar essa modelo para dentro de casa e depois para a sociedade, fazendo assim o embrião de um mundo melhor para todos.

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