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Um mandato complicado

*Ayrton Baptista

A presidente Dilma Rousseff corre o risco de ter ofuscado o seu segundo mandato com denúncias e julgamentos de figuras de destaque no mundo político e empresarial do país. O juiz Sergio Moro está temeroso de que o episódio da Petrobras tenha seguimento em outros órgãos no país e, talvez, até no exterior. Enquanto o mundo político se cala e aí se encontra o ex-presidente Lula, o Ministério Público, a Polícia Federal, estes organismos estão atuantes e dispostos a levantar os problemas em Ministérios e estatais senão equivalentes à Petrobras na participação corrupta que estamos vendo, em outros, que confirme a planilha apanhada em poder do doleiro Alberto Youssef.

Na verdade, a pergunta é óbvia – por que só na Petrobras? Por que ela é a nossa mais poderosa empresa? A dita planilha apresenta mais de 700 obras. Não estivéssemos tratando de um assunto muito sério, seria de se destacar o trabalho do doleiro, listando obras, empresas envolvidas em suas participações, tudo realmente capaz de se levar a entender que poderemos ter, infelizmente, um trabalho judicial para superar o tempo do Mensalão. Não é recorde que nos assusta. Mas o tempo em que estaremos ligados às investigações, julgamentos e possíveis punições.

A presidente da República, o Governo de modo geral, precisa de forma urgente jogar do lado de cá. A sorte está lançada. Quem propinou que se dane, seja de que lado for. E os que receberam essa dinheirama toda, que se expliquem na justiça como já está ocorrendo graças a atuação do nosso judiciário, em todos os níveis. Acrescente-se, agora, a participação da Controladoria Geral da União, tendo à frente o ministro Jorge Hage, figura destacada no âmbito administrativo da República, sempre muito atento às movimentações comprometedoras da ética no serviço público. Ele quer punir os culpados conforme deixa claro em sua última manifestação.

Dilma e seus assessores de todos os níveis só têm essa saída. Mostrar ao Brasil e ao mundo que nessa luta só há um lado: o da honestidade e da ética. Se ela demonstrar que marcha com os que estão combatendo o mau feito ganhará os aplausos gerais. Se não tem culpa no caso da Petrobras, deve, isto sim encampar a luta do bem contra o mal. Antes que seja envolvida talvez sem culpa, por uma avalanche de denúncias que manchará o seu segundo mandato, como já o feito no final do primeiro. E de graças a Deus que a explosão da Petrobras não ocorreu antes das últimas eleições. Teríamos, então, hoje, sem dúvida, um outro mineiro na condução do país, Aécio Neves.

Dilma deve ter assessoria competente. Que escute os amigos sinceros. Até no Congresso Nacional, que ela despreza, encontrará gente capaz de ajudá-la. Não faça como Jânio Quadros e Fernando Collor. Um ficou mais tempo que o outro, mas ambos caíram por falta de apoio político.

 

*Ayrton Baptista é jornalista

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