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Uma descoberta por acaso

Sergio Mazurek Tebcherani

Doutor em Química pela UNESP

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Em 6 de abril de 1938, o químico americano Roy J. Plunkett trabalhava no Laboratório Jackson da DuPont em New Jersey procurando congelar o gás Freon® (CFC), obtido a partir da reação química do gás tetrafluoretileno (TFE) com o ácido clorídrico.

Naquele momento, o Dr. Plunkett via a possibilidade da utilização do CFC como um produto para refrigeração.

Seu assistente, Jack Rebok, aplicou gelo seco dentro da câmara de reação procurando liberar o TFE para reagir com o ácido clorídrico. No entanto, não conseguiram observar nenhuma liberação.

Plunkett e Rebok inspecionaram a bomba e agitaram-na. Tudo parecia estar correto, quando, de repente, um pó branco começou a se espalhar.

Plunkett observou que dentro dos cilindros de TFE havia uma camada de uma cera branca que era a formação de um material polimerizado chamado politetrafluoretileno (PTFE).

Polímeros são definidos como macromoléculas formadas a partir de unidades estruturais menores, os monômeros e a reação de obtenção é denominada de polimerização.

Até aquela época, tanto o etileno clorado como o etileno fluorado não poderiam ser polimerizados.

Estudos mostravam que o polímero de PTFE apresentava excelente característica de indestrutibilidade tornando-o um material economicamente promissor se encontrassem uma aplicabilidade para o mercado.

Na verdade, o PTFE é um polímero inerte, ou seja, que dificilmente reage com outras substâncias, é altamente resistente à corrosão, é impermeável, além de apresentar baixíssimos valores de coeficiente de atrito.

Acabavam de descobrir um plástico de excepcional desempenho.

Após requerida a patente no ano de 1944, sua primeira utilização foi no revestimento do equipamento utilizado para o enriquecimento de material radioativo no Projeto Manhattan, que tinha como propósito o desenvolvimento da bomba atômica durante a Segunda Grande Guerra.

Em 1953, a DuPont dava um novo destino ao PTFE e iniciava a comercialização do Teflon® e, em 1960 surge a marca T-Fal que se torna um sucesso de venda. Após isso, muitas outras variedades de polímeros dessa natureza foram criadas.

Já recentemente, em 2010 o prêmio Nobel de física foi para Andre Geim da Universidade de Manchester, no Reino Unido, como o líder de uma equipe internacional de pesquisadores que modificou o grafeno para a estrutura do fluorografeno, que é uma molécula com espessura quimicamente semelhante ao Teflon.

Com o fluorografeno pode-se chegar a uma estrutura mais leve e menos espessa que o Teflon e com ligações atômicas mais resistentes possibilitando a utilização na eletrônica, em LEDs, transistores ultrarrápidos, sensores que podem detectar apenas uma única molécula de gás tóxico e na substituição de fibras de carbono de alto desempenho para a construção de aviões, por exemplo.

 Voltando a história do PTFE, por analogia, o mesmo material que não deixa o ovo frito grudar na sua frigideira foi muito útil na vedação das válvulas da bomba atômica lançada em 1945 em Hiroshima.

 

 

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